Porque nem tudo são rosas...

E até mesmo estas têm espinhos...
Apesar de estarmos numa Sala que se chama Fixe já há 4 anos (por escolha dos meninos que na altura cá estavam e opção dos colegas dos anos seguintes, que nunca lhe quiseram alterar o nome) nem tudo corre sempre bem... como é normal, com todos e em toda a parte!
E esta semana houve um desses dias... :-(
Por acaso não aconteceu em contexto de sala, mas podia ter acontecido, foi durante o tempo da CAF, vulgarmente designado por Prolongamento de Horário, que as coisas não correram lá muito bem... e como a vida é feita de tudo isto, de altos e de baixos, e todos aqui trabalhamos em articulação e em prol do mesmo, houve que discutir e resolver a questão na sala, em grande grupo e através do diálogo, como fazemos sempre.

Começamos por refletir, ao redor da mesa grande o que teriam sentido as pessoas que estão connosco durante esse tempo, quando alguns de nós desrespeitaram normas que conhecem bem, desobedeceram quando chamados à atenção e assim causaram um acidente que magoou uma criança.

Apelando à consciência moral de cada um, lancei a proposta, para ouvir as suas opiniões:
- Vamos lá fazer-de-conta... se vocês fossem a L. ou a M. o que sentiriam nesse momento?
- Eu sentia-me mal...
- Triste...
- Eu acho que até ficava zangado!
(Na verdade, não lhes foi muito difícil calçar os sapatos dos adultos...)
Continuando, acrescentei, procurando conhecer as suas hipóteses de solução:
- Então e se vocês fossem mesmo a L. ou a M. e vissem os meninos a fazerem estas coisas, o que faziam?
- Eu dava-lhes um estalo no rabo! E depois sentava-os numa cadeira e dizia aos pais o que tinha acontecido...
- Eu dava fixes zangados a todos!
- Eu acho que eles deviam sair da sala e ficar na cantina, todos sentados.
- Mas não deviam ficar todos juntos, senão podiam continuar a fazer asneiras: eu punha uns na cantina e outros aqui na salinha fora do prolongamento...
- Eu dava-lhes uma sapatada na cara!

As vozes das crianças dizem-nos muitas coisas, muito mais do que aquilo que as palavras referem e esta conversa serviu para muito... daquilo que não se vê! 
Afinal, já dizia o principezinho:
Ouvindo-se a si próprios, escutando o que disseram quando se colocaram no lugar do outro, os meninos que fizeram o que não deviam, tomaram efetiva consciência dos seus erros.

Mas refletimos ainda sobre uma questão importante (que me surpreendeu bastante): 
- Porque será que ninguém sugeriu conversar com os meninos
- Pois é... na sala resolvemos os problemas a conversar...
- Mas ninguém se lembrou... :-(
- Porque estávamos muito zangados com os meninos que fizeram asneiras!
- Pois é, mas isso costuma acontecer na sala? 
- Não... é em casa, às vezes!

Terminamos decidindo que era melhor representar a situação vivenciada (tal como estamos habituados a fazer com as "coisas boas") e legendar com as nossas próprias palavras, assinando no fim (a assinatura foi apagada das imagens):





Porque é importante que as coisas menos boas também façam parte deste nosso portefólio de grupo, pois fazem parte da nossa vida, aqui ficam os nossos compromissos.
E porque também é iumportante para os pais refletirem estas situações, deixo este pensamento:
"As crianças nunca foram muito boas em ouvir os mais velhos, 
mas nunca falharam em imitá-los." James Baldwin

Nota:
Ninguém me tira da ideia que a culpa de tudo isto também é da Primavera, daquela que o calendário diz que já veio, mas que ainda não se tinha notado nada e que obrigou os meninos a ficarem fechados na escola, dias e semanas inteiros... com um parque novinho mesmo ali ao lado!

Comentários

  1. Um post delicioso, com o habitual discernimento a que já nos habituaste. Parabéns!!

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